Presente Digital, Futuro Infernal
- Mônica Figueiredo de Melo (Psicóloga)
- 24 de fev. de 2016
- 1 min de leitura

Os verbos são postar, curtir, comentar. As pessoas estão simplificando as relações com apenas um click, apoiado na palma da mão. Se quer fazer um amigo adiciona, se quer um inimigo, deleta, se está chateado não curte. Nas redes sociais, as pessoas se mostram como vitrines, em seu dia a dia. Nelas podemos ser qualquer um que quisermos, belos, ricos, felizes com muitos amigos, é o que dizem as hashtags nas legendas. O mundo contemporâneo está muito fútil, não é suficiente um sorriso deslumbrante, tem que ter na mão, um bom espumante. Espetacularizar e arrasar, aparentar como se tudo pudesse comprar, e assim ganhar alguns milhões de curtições, já que essa é a moeda de maior cotação. As crianças, nos dias atuais, estão subordinadas aos mais modernos modelos de celular, dessa forma se sentem mais populares. Esse comportamento soma-se a construção de valores distorcidos, que estamos ajudando a cultivar, com a conjugação dos tão cobiçados verbos, ter, exibir, disputar, impressionar, todos no tempo imperativo. Sentir alegria é uma magia, muito maior que qualquer fotografia, e a felicidade, de verdade, não cabe dentro de uma telinha, ela é intrínseca, e quando descobrimos onde em nós está, certamente será plena em qualquer lugar, sem a necessidade de ser estampada, porém sentida e vivenciada. Infelizmente, os verbos sensibilizar, cooperar, ser, compreender, entre outros, imprescindíveis para as profundas relações, foram silenciados e abandonados no pretérito e enquanto aceitarmos esse presente digital superficial, dificilmente teremos a indicação do caminho para o desejado futuro simples, o mais que perfeito. monicademelo@hotmail.com
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