Chorar faz bem
- Giannini Ferrari, Psicóloga Clínica
- 24 de fev. de 2016
- 2 min de leitura

O bebê chora ao nascer e esse primeiro choro tem a função de adaptar a respiração e a circulação sanguínea do bebê para o ambiente externo. É a partir desse momento que nós os seres humanos vamos moldando nossa vida fora do útero da nossa mãe e assim respirando normalmente. Chorar significa a capacidade de respirar e conseguir respirar significa viver. Dessa forma, chorar pode ser entendido como uma forma de revelar-se ao mundo o quanto frageis somos e que precisamos do outro para sobreviver. Após o nascimento o choro continua sendo a única forma de comunicação com o ambiente externo e cabe a quem cuida identificar o motivo do mesmo. Na medida em que cresce, a criança adquire a fala, mas nem por isso deixa de se comunicar através do choro. Freud dizia que quando a tensão aumenta a criança chora para obter um relaxamento e uma descarga. Quem nunca presenciou o alivio de uma criança após um longo choro? Crescemos e continuamos chorando. Tal forma de expressão chega até nós como uma maneira de expressar o que sentimos e de aliviar tais sentimentos. Na tristeza choramos, na raiva choramos e na alegria também. Acredito que o choro tem a capacidade de nos colocar num outro lugar, num lugar melhor. Lowen, criador da Bioenergética dizia que nós adultos deveríamos chorar todos os dias e que uma psicoterapia nos faria bem e seria uma forma de chorar para aliviar dores e tensões acumuladas durante a vida. Para este autor, chorar é um processo de descongelamento, descontração e abertura para a vida. Chorar refresca a alma como uma boa chuva refresca e revigora a terra. Após o choro, a respiração é relaxada e profunda. Chorar é inerente à condição humana e também faz parte de um processo de evolução, transformação, restauração e cura do ser humano. Como bem coloca a autora Clarissa Estés, “As lágrimas são um rio que nos leva a algum lugar. O choro forma um rio em volta do barco que carrega a vida da alma. As lágrimas erguem seu barco das pedras, soltam-no do chão seco, carregam-no para um lugar novo, um lugar melhor”. Como psicóloga percebo o quanto o choro alivia e transforma sentimentos. Muitas vezes é no espaço da própria terapia que se permitem chorar e é chorando que vão restaurando a própria vida. Lembro-me de pacientes num momento de perda de um ente querido onde chorar era a única maneira de viver a própria dor, o próprio luto. Reporto-me também aos pacientes que estão vivendo a dor da separação afetiva de alguém. Essa é uma dor constante no consultório e chorar torna esse momento mais rico e mais profundo porque cada um aprende que a vida transforma, muda, evolui, cresce e modifica todos os instantes da nossa existência. Menciono o quanto chorar faz bem e que desde que nascemos precisamos chorar para respirar, se comunicar e ou se expressar. Por isso quero deixar aqui minha permissão para chorar, simplesmente chorar. E como bem fala o texto, “As lágrimas são um rio que nos leva a algum lugar, um lugar novo, um lugar melhor”.
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